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Foto do escritorGRACIELLA COSTA MARIM

Primeira leitura: texto O assalto

Atualizado: 8 de mai. de 2023

Embasados nas concepções de Isabel Solé (1998) e Rildo Cosson (2007), nossa proposta de sequência expandida visou à formação de um leitor crítico, autônomo e reflexivo, por isso, nas diversas situações de leitura, buscamos trabalhar a leitura sempre em três momentos (antes, durante e depois), como propõem os autores. No entanto, não seguimos tais concepções como “uma receita”, pois temos consciência de que nosso público deve ser respeitado em suas especificidades, singularidade e particularidades. A primeira atividade aconteceu conforme o esboço abaixo:

De forma a dar início ao percurso metodológico, os alunos foram direcionados à ler da crônica “O assalto” (1981) de Luis Fernando Verissimo e, de maneira indireta, usar as estratégias de leitura. Essa leitura aconteceu no Google Forms, disposta em uma atividade criada com base no RPG, que significa Role Playing Game (em português: “jogo de interpretação de papéis ou de personagens”). Trata-se de um jogo no qual o leitor é ativo e tem autonomia para escolher o caminho que quer percorrer durante a leitura.

Não seguimos o modo tradicional de leitura, uma vez que nosso objetivo era estimular o gosto por essa atividade, bem como despertar a criticidade, ensinando o estudante a ver os detalhes do texto. A atividade, nos moldes do jogo, pode ser acessada, clicando no botão abaixo:


Nessa atividade, nossa proposta era que os estudantes aplicassem as estratégias de leitura propostas por Solé (1998) e Cosson (2007), antes, durante e depois da leitura.

As estratégias de leitura foram sutilmente incorporadas à atividade. Antes, ao buscar informações pertinentes à leitura, como quem era o autor e qual era contexto de produção, e antecipações a partir do título; durante, quando questionados sobre que caminhos o texto percorreria, precisando ser ativos na tomada de decisões, e ainda relacionar o que liam com suas experiências. Dessa forma o estudante foi conduzido a fazer pausas estratégicas, fazendo inferências sobre as personagens, suas ações e possível desfecho; e depois, ao fazerem a verificação das inferências de leitura, ao final da atividade, respondendo aos questionamentos abaixo, que necessitavam da interpretação de informações implícitas e explícitas.


1) Produza um resumo da história lida.

2) Responda às questões:

a) Além do preconceito racial e social, a crônica também explora outros assuntos, quais? b) O garoto estava apenas trabalhando, mas aos ser confundido com um assaltante, não realizou sua tarefa. O que teria acontecido com ele?

c) O que achou sobre a abordagem do assunto, o humor com que foi tratado um assunto tão sério e comum em nosso cotidiano?

3) Agora, vamos dar uma nova versão para essa história. Produza um texto, pelos olhos do garoto e conte o equívoco.


Como se tratava de um jogo, nossa intenção era que o estudante se sentisse motivado a prosseguir na leitura de maneira dialógica e crítica, contrastando o que estava lendo com a sua realidade.


Uma vez que nosso objetivo era participar da formação do leitor crítico, a escolha pela crônica que abriu esta sequência de leituras se deu pelos importantes aspectos composicionais, como: o humor, a linguagem, a extensão do texto e, é claro, a presença de assuntos do cotidiano dos estudantes, oportunizando reflexões e inferências ao aluno da EJA.


Destacamos que as personagens desse primeiro texto são tipicamente comuns na sociedade: um adolescente negro, prestando um serviço braçal, a empregada, a patroa e o dono da casa. Durante um assalto, que não acontece de fato, o texto dá pistas da forte presença do preconceito social e racial. Um adolescente negro, ao entrar em um prédio para prestar um serviço, é visto como um assaltante. Não é concedido a ele o direito de falar. Nas poucas oportunidades que tem, ele apenas pergunta se é ali o lugar onde deveria pegar as garrafas. Por outro lado, a patroa e o dono da casa que, talvez por medo, principalmente, da violência física, não conseguem enxergar para além da realidade, e passam, então a prejulgar o garoto como um assaltante. Tudo isso contado com muita leveza e humor marcadamente crítico.


Referências:

COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2007.

SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6. ed. Porto Alegre: Penso, 1998.


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